Um dos jogos mais fantásticos de sempre

05/05/2012

Mas quem será o pai da criança


Não nasci para ser a outra... nasci para ser a única, titular e absoluta do teu coraçãaaaaaaaaao, tututurutururururururururururu.

A ma biche tem uma dor no abdómen que pensamos ser do sistema reprodutor há quase 15 dias e decidimos ir ao médico, não ao centro de saúde, porque nem ela, nem eu temos médico de família, mas às urgências menos 15€ no nosso orçamento, isto num hospital público, que vergonha de país, eu quando vou a conferências no estrangeiro e me perguntam de onde sou até me revira o estômago dizer que sou portuguesa, além de todo o mundo pensar que somos uns coitadinhos (e até nem estão nada enganados, ainda têm razão) mas pronto disperso-me.

Fomos às urgências de um hospital e como como não tinham a especialidade de ginecologia, mandaram-nos para outro hospital depois de uma hora e meia de espera, entrámos às 19:00 mais coisa menos coisa, saímos às 20:30.

Fomos comer porque a fome é negra.

Entrámos nas urgências de outro hospital às 21:30 e só saímos de lá às 02:22.

O que se passou foi o seguinte, na triagem, para quem não sabe parece que quem nos atende tem um especial desdém pelos acompanhantes, se a ma biche não fala bem português alguém tem que dizer o que ela tem, neste caso eu, primeiro eu entro e pergunto se falam inglês ou francês e todo o mundo fica a olhar para mim com cara de gozo a dizer que falam português e um pouco de Inglês, se dissessem que falam inglês eu dava meia volta e ia-me embora, mas não é assim, então uma das perguntas feitas foi se ela tinha algum problema de saúde e ela respondeu que não, quando na verdade tem reumatismo, já partiu as duas pernas, de vez em quando tem umas dores nas costas que lhe disseram que ela deveria ser operada, mas negros são fortes e não precisam de médicos, teve um problema no coração que durante algum tempo, todos os meses tinha que tomar umas injecções, que eu rapidamente apresentei no diagnóstico inicial, se fosse por ela, ninguém saberia disso, nem os médicos, mas para isso estava lá eu até que a funcionária da triagem me disse, eu falo inglês pode ir-se embora que eu falo com ela e eu fui-me embora.

Esperámos, esperámos, esperámos e lá a chamaram para ser vista por um especialista, neste caso dois, estava um médico e uma médica à nossa espera e eu já um pouco cansada lá voltei a perguntar pela quinta vez, se falavam inglês ou francês, disseram-nos que falavam inglês, já estava eu a dar meia volta quando a ma biche disse: 

- Alto e pára o baile, que eu quero que tu estejas aqui ao meu lado (Para quem não sabe a ma biche é negra dos Àfrica e vem de um país onde ir ao ginecólogo é tabu, aliás tudo relacionado com sexo é tabu e para falar de questões do foro intimo com estranhos é uma carga de trabalhos).

Lá falei de todos os sintomas que eu achei relevantes ou não, o médico gentilmente pediu para eu esperar fora porque ele ia examinar o aparelho reprodutor da ma biche.

Já se encontravam dois médicos a ver a buceta da minha menina, quando entra uma terceira médica e eu torço o nariz a achar que já é gente a mais, quando tal não é o meu espanto que entra outra médica e aí eu só me lembro da anedota de Fernado Rocha, aqui.

Lá saiu a minha menina do consultório e estava tão fodida que nem me olhou na cara, depois lá consegui que ela desembuchasse o que lhe atormentava, o médico tinha-lhe feito dor e tinha sido muito bruto.

Mas é verdade, quem vai ao ginecologista sabe que eles (médicos e médicas) são brutos até dizer que chega, abrem os genitais de uma mulher como se estivessem a abrir uma couve lombarda.

E mandaram-lhe fazer análises ao sangue e à urina.

Lá fomos nós esperar mais um bocadinho. A sala de espera tinha umas quantas grávidas, todas as que eram brancas estavam acompanhadas pelos seus companheiros sentimentais, mas as negras estavam ou sozinhas, ou com as mães, e eu fico a pensar, cambada de machistas da merda, pelo menos os que não estavam com as suas mulheres ontem e não me venham cá dizer que eu sei lá se as grávidas ainda estavam com os pais das crianças, eu sei que estavam porque ouvia-as falar por telemóvel com eles.

Mas enfim, enquanto nós brancos estávamos a fazer miminhos às nossas nossas meninas fomos chamadas, conclusão, a ma biche não tem nada de grave, pensa-se que seja um problema hormonal, vai tomar anti-inflamatório e pronto, pode ser que passe, esperemos.

Mas enquanto estive rodeada de tantas grávidas, o meu instinto maternal veio ao de cima e estava a pensar em demasia nos filhos que eu e a ma biche teremos um dia.

Eu sempre pensei em adoptar, afinal com tanta criança abandonada por esse mundo, graças ao parideiro das religiões, mas agora que a ma biche quer ter um filho pelo menos que saia de dentro dela, comecei a procurar como fazer.

Sabiam que já se pode fazer esperma de uma pessoa que não tenha o sistema reprodutor masculino? Ah pois é. Não preciso nem de banco de esperma, nem de ter sexo com nenhum homem, nem nada do género, basta-me esperar mais um par de anos e aí vou poder ser pai das nossas crianças, ou a ma biche vai poder ser pai das nossas crianças.

Quanto a quem as crianças vão chamar de pai e de mãe? Simples, a mim chamar-me-hão de mãe e à ma biche chamar-lhe-hão de mére.

Quanto aos insultos que vão ser alvo na escola, farei todos os possíveis para que os nossos filhos vão para escolas onde os filhos dos outros acéfalos não estejam, onde só estejam futuros brilhantes nessas escolas. 

Neste post não tenho ninguém para mandar ir à merda, esperem...
À merda cabrões machistas que não acompanham as suas companheiras sentimentais à hora de ter o filho, à merda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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